Da Folha – Quando descobriu que a Odebrecht tinha um departamento especializado em pagar propinas, a Polícia Federal encontrou uma mina de provas, materializadas em planilhas com valores, e alguns enigmas, já que os agraciados com suborno eram tratados por codinomes. Um desses codinomes, “Italiano”, foi interpretado pela PF como sendo o ex-ministro Antonio Palocci, mas quem seria um certo “Pós-Itália”, citado também em anotações de Marcelo Odebrecht?
Executivos do grupo Odebrecht vão afirmar em acordo de delação que “Pós-Itália” é o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, segundo a Folha apurou junto a profissionais que trabalham no acordo que a empreiteira negocia com a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba e a Procuradoria Geral da República em Brasília. Palocci e Mantega foram ministros da Fazenda nos governos de Lula e Dilma, respectivamente. Com Dilma, Palocci chegou a ocupar o segundo posto do governo, ao chefiar a Casa Civil.
Em um e-mail de um funcionário da empreiteira interceptado pela PF, o codinome “Italiano” aparece associado aos valor de R$ 6 milhões, enquanto o “Pós-Itália” teria recebido R$ 50 milhões para repassar ao PT. O documento, intitulado “Posição Programa Especial Italiano”, seria a indicação de propinas pagas ao partido entre 2008 e 2012, de acordo com interpretação da PF e dos procuradores. Em 31 de junho de 2012, os pagamentos supostamente ilícitos somavam R$ 200 milhões. A PF não sabia quem era “Pós-Itália”, segundo relatório de fevereiro deste ano: “ainda não logramos êxito na identificação do indivíduo designado por tal nome”.